Lembrei-me há dias das afamadas discussões despoletadas para o espaço público acerca da música portuguesa que passa na rádio. Em tom de quota imposta, lá se ouviam vozes que defendiam uma percentagem mínima obrigatória de música portuguesa nas rádios nacionais, enquanto outras se debatiam pela máxima da qualidade acima de qualquer tem-que-ser.
Constata-se agora que, após tal lei ter, de facto, avançado aquilo que ouvimos actualmente não se trata de música portuguesa a martelo, para calar os senhores que regulam essas tretas. A verdade é que, quer queiramos quer não, começámos a ouvir mais daquilo que se faz por cá e, a bem da verdade, nada de pimbas e foleiradas como tanto se temia. Creio que funcionou até como um impulso a que se produzissem coisas novas, um alento a quem é realmente bom naquilo que faz e vê, assim, aberta uma frecha, de um mundo que anteriormente era bem mais fechado.
Não concordo com quotas de qualquer espécie. Acredito que o mérito deve ser alcançado com vontade e trabalho, como recompensa de qualidade. Mas se servir para cortar com certos lobbies... sou levada a recuar o meu lado mais fundamentalista. Da mesma forma, não me entra muito bem que certos grupos/intérpretes nacionais tenham que usar outra língua, como se isso os catapultasse melhor ou os fizesse aspirar a outros idolos/ideais e, de alguma forma, esta medida soou-me a um impulso também no sentido de minimizar essa necessidade.
Recentemente têm surgido imensas bandas portuguesas com trabalhos francamente bons. Muito mais do que há uns anos atrás. É um facto e é de louvar.
1 comentário:
Kumpania Algazarra, Deolinda... Dona Maria, eu sei lá! (Este "eu sei lá" não são uma banda;)
Também acho que o que é bom não precisa de cortinas (tipo o inglês) para se promover...
Assim como aquilo que se faz de bom em português também não precisa de ser protegido por quotas, ou qualquer coisa que o valha.
Você escreve tremendamente bem...
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