domingo, 24 de julho de 2011

Ir ali ao pão

Mal a escuridão entrou no quarto, pensei em mamas, rabos, pénis muito tesos ejaculando para dentro de bocas. O orgasmo veio fácil, em meia dúzia de segundos, numa vertigem, sem esforço, uma coisa sem jeito nenhum, sensaborona, aguada, desoladora, profundamente triste.

É sempre com grande deleite que a leio. Gosto da maneira crua com que fala da solidão ou de pénis tesos, assim tal e qual, do pé para a mão, com a mesma naturalidade, porque é exactamente assim que a entendo e a mim.

Intrigou-me agora este trecho de fantasia erótica, não porque surge mas o conteúdo. O que melhor conhecemos são esses mentais mini-filmes tardios do universo sexual feminino, a sós ou não. O que já não se conhece tão bem é do que são feitos. Ora, eis que me vem falar de pénis ejaculando para dentro de bocas e fico pasma. Uma imagem que lhe prime o gatilho e zás, eis o orgasmo sem esforço. Pois que também conhecemos, aqueles ao estilo "ejaculação precoce" do lado deles. Mas o que interessa aqui é que não imaginaria que tivesse essa imagem este efeito, sendo de um trigger de cariz muito mais masculino. Aquela ideia da miúda doida por receber aqueles fluidos do macho e ao mesmo tempo com um certo toque de subjugação e tal. Se me viesse falar numa festarola a la "Eyes wide shut" ou um jovem espadaúdo ao estilo "Spartacus" ainda vá... Agora este cumshot é coisa que me surpreende. Muito me contas, filha. Existissem outras Anas a falar das suas fantasias como ir ali ao pão e seriamos todas mais felizes e de bem com a vida. Mas até nisso as mulheres são umas cabras do pior.

Gostamos deles machões

Foto daqui

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Interrompemos o silêncio


(Enfim... Blogs de gajas.)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Vaivém

Não consigo evitar. Vem do mais perverso que há em mim, mas também do mais óbvio no comportamento humano. Uma mulher grávida, uma mulher com filhos, foi uma mulher que - à partida - andou na pouca vergonha. Observo a creche repleta delas, ao deixar - também eu - o fruto da sem vergonhice. Não há volta a dar, até a mais casta dona de casa, a que borda os panos de cozinha, a que gasta a bata de lixívia, a que passa as cuecas a ferro, aquela a quem não se encontra um cabelo fora do sítio... fodeu. Nela saltitou, em vaivem, um manancial de carne sedenta de fluidos e calor até revirar os olhos e lhe despojar nas entranhas uma mistura de semen e suor.

Por mais que se molde uma imagem, a natureza é tão mais simples e directa.

domingo, 10 de abril de 2011

Humedeço

Punches



sábado, 9 de abril de 2011

Das estações e assim

A Primavera é fodida. Os bichos e as flores e o sol e o verde das árvores... Tudo tão giro, vibrante e no entanto tão hormonalmente, inevitavelmente desorientador.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Passa mole

Não raras vezes a vida me prepara as situações que queria evitar ou com as quais me sinto insegura. Sem discursos auto-motivadores ou de auto-ajuda ou auto-qualquer coisa. No desafio ou na perda se dá o salto e é perfeitamente ciente disto que começo lentamente a dar os primeiros passos para deixar de ser uma passa mole. O que há a dizer, diz-se, seja agradável ou não. E sabe bem. É que guardar o não dito dá-me uma azia desgraçada.

sábado, 19 de março de 2011

Rebéubéu pardais ao ninho

Para quem tem essa intensa necessidade de aclamar diariamente os seus males: vão-se foder.

Estou-me nas tintas se estão cansados, se há roupa para estender ou louça para lavar. Se as tarefas são impossíveis, se o trabalho não cessa, se o periquito tem sede, se o dinheiro é pouco, se os amores vão mal. Não quero saber. Já não há tolerância para este tipo de discursos, que me perdoem. Não há ninguém que não tenha problemas e afazeres e a inequívoca falta de tempo para os resolver. Não vejo outro propósito neste choro a não ser o regozijo na auto-comiseração e, se assim é, que pobres de espírito e que fraca imaginação na procura de prazer. Pois a mim, regozijam-me três orgasmos seguidos e uma barra de chocolate – uma a seguir aos outros, para ser mesmo bombástico – isso sim é coisa pela qual massacraria alguém para ter. Agora espeta-secas de lamentos… não me lixem. O mais perverso é que a intenção passa mais pela manifesta imagem de trabalho árduo, dedicação e eventual exploração que contrasta com os demais, obviamente inferiores. Quanto mais se apregoa, mais me parece encenado – mesmo que seja verdade – e em busca de qualquer coisa: de aclamação, de um aumento, de férias, de palmas, do raio que os parta.

Devia ser proibido que nos usurpassem o tempo para estes fins, sem pedir autorização.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Revolta

Quando pensava que poderia advir de um canal, afinal vinha de outro. E só percebi hoje. De facto, é uma ira que me inflama as entranhas e não, não é azia.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Sigur Rós

Chamem-lhe dureza de ouvido, mas... não consigo.

Entre a profunda depressão e as versões de Teletubbies venha o diabo e escolha.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Descubra as diferenças




Que o Pop seja a banalidade de uma batida contagiante até se pode concordar. Agora que há mensagens subliminares nos comportamentos dos ícones, que vão além do senso comum também me começa a parecer inegável. Só não me parece que os ouvintes da Cidade FM percebam que a aproximação de uma Lady Gaga a uma Orlan poderá revelar uma tomada de posição de hibridismo, de crítica à superficialidade, ao culto do corpo, ao sofrimento a todo o custo em prol de uma estética/imagem supostamente exigida pelos olhos alheios, mais do que uma mera fatiota e maquilhagem excêntricas, para atrair atenções.

Em todo o caso, se bem entendi, gostei da mensagem.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Lipstick jungle

Se o mundo do trabalho já era uma selva, agora é mesmo um caso de vida ou morte. Luta-se por um lugar como por sobrevivência, seja porque dele resulta o pão para comer ou o poder para se ser, só. Há pequenos poderes que fazem as delícias dos grandes frustrados, tanto os que de facto existem como os que se podem fantasiar e fazer inchar egos já de si insuflados. É um andar sempre à cautela, antes que alguém se aperceba que afinal não fazemos assim tanta falta. Então, inventam-se posições e importâncias, resguarda-se o trabalho para que nunca se defina muito bem, sempre meio enevoado mas assumido como altamente imprescindível. Que ninguém tenha a ousadia de realizar tarefas alheias, nem que seja por pura colaboração. Toda e qualquer tentativa de ajuda é uma intromissão.

Hoje, mais do que precisar de trabalhar para pagar as contas, muitas pessoas precisam de trabalhar para auto-flajelar a insegurança que lhes lateja no fundo. Principalmente, mulheres, constato. Nada como uma boa pila para relativizar problemas e descentralizar atenções.

Em breve

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Escolhas



Tenho invariavelmente, ainda que light, um apreço especial por este filme. Mais do que boas ou más escolhas, consoante os olhos de quem vê, importa a possibilidade de conseguir ver, querer ver, e escolher.

Melhor ainda é olhar uma segunda vez e ver uma Tori Amos com a orquestra do baile ou uma Macy Gray na banda sonora. Senhoras destes temas e está tudo dito. Genial.


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

No divã


A noite foi agitada. Entre dois sonhos diferentes (que recorde) ambos tinham animais que me comiam a carne. A minha, do corpo, não a do frigorífico, entenda-se. Não foi propriamente agradável passar a noite a fugir ora de um cão sarnento que me mordia o braço e arrancava pedaços, ora de sanguessugas verdes e gordas, que me sugavam o sangue e a pele e tudo o mais que conseguissem até deixar buracos nos membros. Não seria bonito de se ver, não foi bonito de sonhar.

Não raras vezes, reflicto sobre os meus sonhos e a verdade é que acabo sempre por lhes descobrir uma razão, ainda que - poder-se-á dizer - rebuscada. E não é que se fez luz quando recordei a recente confirmação da cessação do abono de família? Lá está... Eu que sou uma miúda com uma situação profissional absolutamente estável e com vasto património adquirido não tenho direito a esse tipo de benesses.

Também a rapariga da caixa me perguntava se sabia de algum trabalho para ela. Que esteve de baixa e por essa razão não lhe renovaram o contrato, sim, porque enquanto lá estivesse o Sócrates e o outro isto não andava para a frente. Fiquei a pensar quem seria o outro no meio de tantos possíveis, mas ao que parece personifiquei a dupla em cão sarnento e sanguessuga, em que um é o outro e vice-versa.

Acho que é basicamente este o raciocínio imediato de associação. Tenho o subconsciente revoltado.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

De outra vida

"Olha lá, mãe, traz aí um prato!"


É frase que nunca lhe oiço, pelas raras vezes em que estão juntos. Não deixa de ser estranho ouvir-lhe palavras novas, principalmente depois de tanto tempo. É como se lhe conhecesse um novo lado, o de filho.

Foi exactamente aí que voltei a recordar a mesma palavra que deixei de dizer há anos e que, de alguma forma, me amputou um dos lados.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Subúrbios



Tem qualquer coisa de Badly Drawn Boy que me vicia os ouvidos. Gosto muito desta nova faceta dos Arcade Fire.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Voilà!

E isto, a mim, enerva-me. Que metade do País que se deu ao trabalho de ir votar gaste tanto tempo a falar da metade do País que se esteve nas tintas. Que fritemos a cabeça a tentar descortinar as motivações da inação de quem preferiu ficar em casa. Que os cidadãos que levam a sério essa sua condição e querem ter autoridade para criticar os eleitos se sintam na obrigação de fazer o papel de ama-seca de quem não quer saber.

Posso dicordar do voto de muitas pessoas. De quem vota em candidatos absurdos para protestar. De quem vota em branco ou nulo porque acha que quem se candidata é sempre oportunista ou idiota. De quem vota em autarcas corruptos ou políticos incompetentes. De quem decide o seu voto em frente ao boletim, como se estivesse a jogar no totobola. Mas sairam de casa, foram à mesa de voto, e cumpriram a sua obrigação de cidadão. Merecem-me respeito. Como opinador, reflito sempre sobre a sua decisão. Como democrata, aceito sempre a sua escolha soberana. Para os abstencionistas estou-me nas tintas. Porque eles, ao não participarem no mais básico e simples dos atos desta nossa democracia, se estão nas tintas para mim. E amor com amor se paga.

Se se abstêm porque têm mais que fazer eu abstenho-me de lhes dar atenção. Se se abstêm porque não acreditam em nada e em ninguém, eu abstenho-me de acreditar no seu empenho neste País. Se se abstêm porque não acreditam na democracia, eu abstenho-me de incluir o seu gesto (ou a sua ausência de gesto) no debate democrático.



E a classe política também se está nas tintas. Por isso qualquer intento de provar um ponto de vista ou manifestação, cai em saco roto.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Ramerrame

Sim, existe.

O mesmo que ramerrão s. m.
1. Som monótono e continuado.
2. Salmodia, litania, ladainha.
3. Rotina; costumeira.

Di-lo a DonaInês vezes sem conta, que gosta do seu ramerrame e que já não passa sem ele. Não há cá desvios ou invenções, a vidinha é levada assim e pronto. No fundo, acaba por ser tudo mais seguro por ser expectável, porque já se conhece, porque segue um trilho, uma norma e desagua em algo tranquilo, certo e feliz.

Preocupa-me.

No ramerrame andamos todos. Mais dia menos dia, espera-nos. Aliás, procuramo-lo. Enquanto se corre quase sem fôlego por um lugar ao sol, tudo parece alucinadamente aventureiro. Uma luta febril, até irreal e lá vamos ofegantes sempre a "quase chegar" a qualquer lado que não se sabe muito bem onde, mas... o tempo parece urgir. Depois é fácil, faz-se algo relativamente útil, dá-se uns toques numa casinha, arranja-se rapazinho com bom aspecto e está ligada a engrenagem do dito*.

Dou por mim na mecânica sem saber muito bem se lá quero estar e como lá fui parar. A sensação de concordância com a máquina é inegável, mas não tanto a certeza de bom caminho. Sente-se o espectro da monotonia, da apatia, do bloqueio cerebral, da resignação. É complicado fugir-lhe à teia, manter a cabeça à tona e conseguir ver para lá do óbvio e do confortável.

É trabalho de casa, como lavar a loiça a seguir ao jantar.



*ramerrame (vide supra)

Resumindo

sábado, 8 de janeiro de 2011

O som dos dias

Eu, Clau, me confesso


Gosto do Glee. Revejo-me no Glee.



Alguém me dê já um chapadão.

Palpites

A inquietação continua e não há forma de acalmar. Pena que as vozes que sabem do que falam, soem tão baixinho e por canais tão discretos. Aliás, deve ser por isso que o marasmo continua, tudo se queixa e ninguém actua. Concordo com o Pedro Magalhães, na entrevista que deu à Teresa de Sousa, no Público. Gosto que se faça ouvir e que não se cale como muitos outros investigadores, porque lhes pode pesar na reputação ou porque simplesmente não os há. De facto, as universidades deveriam servir para muito mais e melhor. Deveriam servir o próprio Estado no fornecimento de bases científicas fidedignas que lhes sustentem as medidas que nos hão-de, depois, servir a todos. E que isto seja real, que seja sustentado, pensado e justificado. Que as nossas vidas não sejam jogadas sem critério e sem crítica, apoiadas em ideias. Em meras ideias, meia dúzia de patacoadas ditas com toda a certeza e credibilidade. A malta come e cala como é de - bom - costume.

Eu aposto na mesma esperança do Pedro. Em gerações mais informadas e exigentes, em gente de pestana aberta, que questione, pressione e deixe de embarcar, de uma vez por todas, no discurso do eterno zé povinho que leva no cuzinho, coitadinho. Como? Ainda não sei. Se as fornadas que saem das escolas e das universidades me fazem acreditar nessa esperança? Nem por isso. Mas nem toda a excepção fará a regra e quando a urgência da mudança se começa a sentir, algum rasgo há-de surgir.