sábado, 29 de janeiro de 2011

Subúrbios



Tem qualquer coisa de Badly Drawn Boy que me vicia os ouvidos. Gosto muito desta nova faceta dos Arcade Fire.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Voilà!

E isto, a mim, enerva-me. Que metade do País que se deu ao trabalho de ir votar gaste tanto tempo a falar da metade do País que se esteve nas tintas. Que fritemos a cabeça a tentar descortinar as motivações da inação de quem preferiu ficar em casa. Que os cidadãos que levam a sério essa sua condição e querem ter autoridade para criticar os eleitos se sintam na obrigação de fazer o papel de ama-seca de quem não quer saber.

Posso dicordar do voto de muitas pessoas. De quem vota em candidatos absurdos para protestar. De quem vota em branco ou nulo porque acha que quem se candidata é sempre oportunista ou idiota. De quem vota em autarcas corruptos ou políticos incompetentes. De quem decide o seu voto em frente ao boletim, como se estivesse a jogar no totobola. Mas sairam de casa, foram à mesa de voto, e cumpriram a sua obrigação de cidadão. Merecem-me respeito. Como opinador, reflito sempre sobre a sua decisão. Como democrata, aceito sempre a sua escolha soberana. Para os abstencionistas estou-me nas tintas. Porque eles, ao não participarem no mais básico e simples dos atos desta nossa democracia, se estão nas tintas para mim. E amor com amor se paga.

Se se abstêm porque têm mais que fazer eu abstenho-me de lhes dar atenção. Se se abstêm porque não acreditam em nada e em ninguém, eu abstenho-me de acreditar no seu empenho neste País. Se se abstêm porque não acreditam na democracia, eu abstenho-me de incluir o seu gesto (ou a sua ausência de gesto) no debate democrático.



E a classe política também se está nas tintas. Por isso qualquer intento de provar um ponto de vista ou manifestação, cai em saco roto.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Ramerrame

Sim, existe.

O mesmo que ramerrão s. m.
1. Som monótono e continuado.
2. Salmodia, litania, ladainha.
3. Rotina; costumeira.

Di-lo a DonaInês vezes sem conta, que gosta do seu ramerrame e que já não passa sem ele. Não há cá desvios ou invenções, a vidinha é levada assim e pronto. No fundo, acaba por ser tudo mais seguro por ser expectável, porque já se conhece, porque segue um trilho, uma norma e desagua em algo tranquilo, certo e feliz.

Preocupa-me.

No ramerrame andamos todos. Mais dia menos dia, espera-nos. Aliás, procuramo-lo. Enquanto se corre quase sem fôlego por um lugar ao sol, tudo parece alucinadamente aventureiro. Uma luta febril, até irreal e lá vamos ofegantes sempre a "quase chegar" a qualquer lado que não se sabe muito bem onde, mas... o tempo parece urgir. Depois é fácil, faz-se algo relativamente útil, dá-se uns toques numa casinha, arranja-se rapazinho com bom aspecto e está ligada a engrenagem do dito*.

Dou por mim na mecânica sem saber muito bem se lá quero estar e como lá fui parar. A sensação de concordância com a máquina é inegável, mas não tanto a certeza de bom caminho. Sente-se o espectro da monotonia, da apatia, do bloqueio cerebral, da resignação. É complicado fugir-lhe à teia, manter a cabeça à tona e conseguir ver para lá do óbvio e do confortável.

É trabalho de casa, como lavar a loiça a seguir ao jantar.



*ramerrame (vide supra)

Resumindo

sábado, 8 de janeiro de 2011

O som dos dias

Eu, Clau, me confesso


Gosto do Glee. Revejo-me no Glee.



Alguém me dê já um chapadão.

Palpites

A inquietação continua e não há forma de acalmar. Pena que as vozes que sabem do que falam, soem tão baixinho e por canais tão discretos. Aliás, deve ser por isso que o marasmo continua, tudo se queixa e ninguém actua. Concordo com o Pedro Magalhães, na entrevista que deu à Teresa de Sousa, no Público. Gosto que se faça ouvir e que não se cale como muitos outros investigadores, porque lhes pode pesar na reputação ou porque simplesmente não os há. De facto, as universidades deveriam servir para muito mais e melhor. Deveriam servir o próprio Estado no fornecimento de bases científicas fidedignas que lhes sustentem as medidas que nos hão-de, depois, servir a todos. E que isto seja real, que seja sustentado, pensado e justificado. Que as nossas vidas não sejam jogadas sem critério e sem crítica, apoiadas em ideias. Em meras ideias, meia dúzia de patacoadas ditas com toda a certeza e credibilidade. A malta come e cala como é de - bom - costume.

Eu aposto na mesma esperança do Pedro. Em gerações mais informadas e exigentes, em gente de pestana aberta, que questione, pressione e deixe de embarcar, de uma vez por todas, no discurso do eterno zé povinho que leva no cuzinho, coitadinho. Como? Ainda não sei. Se as fornadas que saem das escolas e das universidades me fazem acreditar nessa esperança? Nem por isso. Mas nem toda a excepção fará a regra e quando a urgência da mudança se começa a sentir, algum rasgo há-de surgir.