quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O regresso



A vergonha da ausência... Mais de 1 ano depois, apraz-me voltar a debitar. Foi o Camané que o conseguiu. Voltei a ouvi-lo, como há muito não fazia, assim como Pluto. É sempre uma descoberta agradável quando o volto a ouvir, saber que não me canso e que o prazer que lhe retiro é infinito. É daqueles sons que me aquece a alma. Descobri-o sozinha, meio aparvalhada à medida que ia percebendo aquilo que me despertava. Uma surpresa para mim, o fado, pela mão do Camané, claro. Equiparo-o à Cristina Branco, no feminino porque ambos piscam o olho ao lado esquerdo do fado, sem jóias aos quilos, trinares de voz e marialvas. Mais tarde partilhei-o com quem não pensava possível e tornou-se hino de outras descobertas. A música tem a mania de fazer perdurar histórias. Se assim tem que ser, vão para o saco das memórias e, geralmente, só são resgatadas através da música. E sempre pelas boas razões, nunca as más. E não vale a pena contrariá-la. Quando se lhe colam situações e emoções, são para sempre, mesmo quando já nem faz sentido. Ouve-se de forma diferente, mas com o mesmo calor que nos trouxe um dia, aquele quentinho que aquece mesmo no fundo, compondo a sinfonia das camadas de vida.

Sem comentários: