sábado, 13 de março de 2010
I am the drug
A música relaxa-me mais do que Xanax. Dá-me boas vibrações, muda-me o humor, carrega-me a energia de um café. Talvez por isso tenha tendência para ouvir sempre mais música ritmada, música para cima, talvez o melhor ansiolítico para os dias de hoje. Curiosamente, há passagens desta ou daquela música que fazem toda a diferença, pelos acordes ou pela voz ou pela letra ou então pela aliança entre todos os componentes. Metamorfoseio-me por momentos, crio uma aura de luz, de força, sedução. Sou meia bruxa, meia louca, toda meretriz, toda criança. Grito alto, esqueço quem está ao lado, quem poderá espiar-me. Esqueço as vergonhas e os afazeres, as necessidades. Não há fome ou frio que a adrenalina compensa. Revivo as coisas, as pessoas, peco em “pensamentos, actos e omissões, por minha culpa, minha tão grande culpa” e recrio outras tantas. Fantasio momentos, corto e colo em produção cinematográfica, o argumento não é esquecido. Tudo é perfeito, porque perfeita é a banda sonora. Ou então entro nas histórias das canções, sinto-o, digo-o e é tudo real no meu mundo tresloucado. Regresso ao seu tempo, seja de poupa e permanente ou vestido de lantejoulas ao piano. Nunca fui apanhada em pleno delito, os segredos mantêm-se nossos, entre mim e ela. É por isso que lhe sou fiel e lhe continuo a dedicar grande parte da minha vida. Imagino que produz em mim um efeito único, que foi feita para mim e que mais ninguém a vive e entende como eu. É absolutamente obsessiva e eu dela dependente, alucinogenicamente drogada, faço perdurar o vício sem qualquer intenção de cura.
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