Para quem tem essa intensa necessidade de aclamar diariamente os seus males: vão-se foder.
Estou-me nas tintas se estão cansados, se há roupa para estender ou louça para lavar. Se as tarefas são impossíveis, se o trabalho não cessa, se o periquito tem sede, se o dinheiro é pouco, se os amores vão mal. Não quero saber. Já não há tolerância para este tipo de discursos, que me perdoem. Não há ninguém que não tenha problemas e afazeres e a inequívoca falta de tempo para os resolver. Não vejo outro propósito neste choro a não ser o regozijo na auto-comiseração e, se assim é, que pobres de espírito e que fraca imaginação na procura de prazer. Pois a mim, regozijam-me três orgasmos seguidos e uma barra de chocolate – uma a seguir aos outros, para ser mesmo bombástico – isso sim é coisa pela qual massacraria alguém para ter. Agora espeta-secas de lamentos… não me lixem. O mais perverso é que a intenção passa mais pela manifesta imagem de trabalho árduo, dedicação e eventual exploração que contrasta com os demais, obviamente inferiores. Quanto mais se apregoa, mais me parece encenado – mesmo que seja verdade – e em busca de qualquer coisa: de aclamação, de um aumento, de férias, de palmas, do raio que os parta.
Devia ser proibido que nos usurpassem o tempo para estes fins, sem pedir autorização.
2 comentários:
Três orgasmos seguidos? Não se importa de me dizer a marca do chocolate?...
O chocolate é só um complemento para aconchegar os 3 primeiros. Cá vai a receita: alguma dedicação de um lado e concentração do outro!
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