sábado, 4 de dezembro de 2010

Comer, orar, amar

Uma grande chachada, é o que me apraz dizer. Tudo muito bonito, ai que estou tão insatisfeita, uma grande vontade de dar à volta à vidinha, viajar, conhecer um Javier Bardem e comer com fartura, sempre de cabelo impecavelmente penteado mesmo em retiro espiritual. Olha, fofinha, assim também eu. Aliás, hás-de dizer-me onde se arranjam vidas e inquietações dessas, com soluções tão fenomenais.

Retiram-se duas ideias mais ou menos centrais que lá vão passando, entre devaneios sem grande consistência:
- gajas, façam o favor de comer e deixem-se de merdas de dietas e obsessões inventadas para agradar a seja lá quem. De facto, se nunca um homem fugiu a sete pés quando vos teve nuas no quarto é porque não devem estar assim tão mal.

- perdoem-se. E isto não é fácil, diz-vos quem já rondou os meandros da coisa. Grande parte das nossas frustrações e consequentes depressões passam pela culpa. Culpas que nem vêm de fora, mas de dentro, que nos atribuimos por excesso de regras, de perfeccionismo, de medo, de objectivos. Ou porque, inevitavelmente, infligimos dor a alguém. Nada é preto ou branco e a merda do cinzento vem sempre complicar as coisas. Conseguir libertar-se desse peso tira-nos quilos de cima. Não conseguir libertar-se implica a aceitação de uma vidinha de auto-comiseração, desalento, profunda tristeza e falta de auto-estima. Nada disto é fácil, dá trabalho e não acontece de repente.

E é isto que retenho da historieta. Nem o Javier me remexeu os fundilhos.

2 comentários:

leo disse...

Clau, na mouche!
também fico com urticária quando oico falar em viagens redentoras, que na verdade marcam mais um objectivo inantingível, "como hei-de resolver os meus problemas e encontrar-me se nao fizer uma viagem assim?". Uma treta.
Beijinhos!
Couscous

Clau disse...

Sempre em sintonia, noiva Couscous! Muitos beijos e vai dando notícias :)