segunda-feira, 12 de julho de 2010

Lençóis

Era um lugar indefinido onde pendiam lençóis brancos por toda a parte, ao estilo filme romântico, série B. Pelas paredes, pelo chão, nada mais havia a não ser: lençóis. Embrulhados, amarrotados, limpos e frescos, envolviam dois corpos que já se conheciam. O resto foi o que já se sabia, porque a lição estava sabida de cor e salteado. Porque o cheiro era o mesmo e fora o guia de sempre. O ritual não tinha sido esquecido, o desenrolar da cena surgia naturalmente, de gestos calmos e surpresos na sensação de estar em casa, de nunca ter saído. Saborearam-se na doçura do reencontro e despiram-se de roupas e egos. Só dois corpos que se tatuaram e que falam a mesma língua, alheios a condições. Confirmaram entre sorrisos esse entendimento perene, em prazeres amadurecidos.

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