sexta-feira, 30 de julho de 2010

Amor cruel

Sobre a mesa estava este:


Entre um café, um copo de água e… o Record. Os anos de ouro já lá vão e a figura já não é a mesma. São as banhas que se alojaram na pele oleosa, com barba de 15 dias, na constante tentativa de estar hip e passar completamente ao lado. A insistência na auto-centrada sensualidade acentua-lhe o ar sebento, pedante e de óbvia insatisfação com a vida.

Inquietava-me tal literatura que não deixava de ser irónica na personagem. A real. Protagonista de amores e desamores sui generis parecia, de alguma forma, tentar exorcizar o seu próprio enredo, na esperança de encontrar ali o seu alter-ego. Entre um casamento de fachada, mulheres descartáveis e filhos como quem tira a senha do pão, questionava-me sobre que amor cruel seria aquele. Seria ele um eterno amante incompreendido, apanhado nas malhas do destino, preso a um amor incompatível? Não me parece. Antes um eterno aprendiz que nunca aprendeu a amar e ser amado, mas, talvez – só talvez – a ser cruelmente infantil.

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